O salmo 103 inicia convidando os filhos de Deus a prestar-lhe a devida gratidão, “Bendize, ó minha alma, ao Senhor e tudo que há em mim bendiga o seu santo nome. Bendize, ó minha alma ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios”. Sem dúvidas, tudo quanto temos rcebido da parte de Deus resulta de sua misericórdia e não há nada em qualquer um de nós que lhe seja aceitável a não ser pela sua graça. Portanto devemos ser instrumentos de gratidão ao Senhor por todas as coisas. Acontece todavia que, naturalmente, o ser humano tem a tendência de focalizar apenas as coisas negativas. Por exemplo, as vezes não agradecemos a Deus os benefícios recebidos, mas reclamamos quando nos falta saúde, etc. de igual forma, se alguém fala do governo, normalmente só se lembra de mencionar o que não foi realizado e o que deu errado na administração. Se falamos do tempo, é para reclamar do calor, do frio, da chuva, ou da falta dela. Estamos sempre enfatizando aquilo que falta em nossas vidas. Assim, tornamo-nos pessoas que só reclamam, murmuram e lamentam. Aliás, a murmuração foi um dos pecados cometidos pelo povo de Israel no deserto que mais ofenderam a Deus. O Senhor enviava o maná todos os dias, mas o povo não agradecia. Pelo contrário, reclamavam de tudo, até das bênçãos que Deus dava. A palavra de Deus nos incentiva a termos em nossos lábios o louvor e a gratidão ao Senhor. Lembro-me de um irmão funcionário de uma repartição do governo federal, numa época de muitas dificuldades que atravessava o país. Os salários não acompanhavam a inflação e os apertos eram grandes. Pela manhã era de praxe os funcionários que chegavam mais cedo formavam rodas e reclamavam, acusavam o governo, falavam mal do sistema, previam dias piores, enfim desabafavam a vontade. Enquanto isto lá estava aquele irmão, já na sua mesa de trabalho, mesmo antes do horário oficial, vasculhava as gavetas e se organizava para mais um dia de atividades sem nada reclamar. Foi quando alguém falou: Todos nós estamos em apertos, parece-nos que somente o irmão está ganhando bem e não tem nada a reclamar. De repente uma funcionária, apesar de não crente, que morava vizinho a Igreja toma a palavra e diz: “E ainda vai a noite para o culto canta, ora, prega, pede oração pela empresa e agradece a Deus pelo emprego que tem”. Foi motivo de risos. Que exemplo de gratidão! Mas, é na vida do apóstolo Paulo que vamos encontrar um manancial de exemplos, aliás alguém já disse que ele não devia ser tão somente chamado de “apóstolo dos gentios” mas também “apóstolo da gratidão”. Parece um paradoxo, mas o apóstolo, dá graça a Deus por si mesmo. Por suas fraquezas, por seus desenganos, fracassos e frustrações e, sem dúvida, também por suas vitórias (Rm 7.24-25). Escrevendo aos filipenses, ele se mostrou grato a Deus pela excelente cooperação que a igreja de Filipos lhe havia prestado (Fp 1.3-5). Ao invés de recordar os incidentes amargos relacionados com a fundação daquela igreja, conforme o capítulo 16 de Atos, Paulo preferiu enfocar a cooperação dos crentes no evangelho. Com isto entendemos que não devemos nunca esquecer dos que de alguma maneira, em diferentes ocasiões, nos prestaram algum tipo de colaboração. Mas quando pensamos em agradecer, pelo quê poderíamos agradecer? Talvez, num primeiro instante, a alguém, pode parecer não existir motivos. Porém, se pensarmos um pouco, logo nos lembrará de inúmeras razões de agradecimento. Experimente fazer uma lista de tudo o que há de bom em sua vida: seus bens, seu emprego, seu salário, sua saúde, o alimento, os entes queridos, etc. De repente, você vai ver que, enquanto pensava naquilo que falta, estava se esquecendo de agradecer a Deus por aquilo que Ele já lhe concedeu. Talvez você pense que recebeu tão pouco e, por isso, é insatisfeito. O irmão do filho pródigo incorreu nesse erro, indignado com a festa pela volta do seu irmão, ele não via motivos para agradecer, ao que o pai lhe fez lembrar: “Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas”. Portanto amados leitores, convido para observarmos a expressão do apóstolo: “Dando sempre graças por tudo ao nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo”. Que possamos sempre cultivar o espírito de gratidão.
Pr. Francisco Vicente
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