BEBEDEIRAS, ORGIAS E “COISAS SEMELHANTES A ESTAS”: PARTE I

No final da lista das 16 obras da carne (Gl 5.19-21), são mencionadas as bebedeiras (gr. methe), orgias (gr. komos) e as “coisas semelhantes a estas” (gr. kai ta homoia toutois), acerca das quais apóstolo Paulo declarou que “…os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus” (Gl 5.21).
O termo grego “methe”, que aparece em Gl 5.21, só aparece em mais dois versículos da Bíblia (Lc 21.34; Rm 13.13), e significa bebedeira ou embriaguez devido ao consumo de bebida alcoólica. No primeiro versículo Jesus nos advertiu para que o nosso coração não ficasse sobrecarregado pela embriaguez e, assim, despreparados para a vinda de Jesus (Lc 21.34). No segundo versículo, Paulo aconselha-nos que não devemos nos comportar como bêbados, mas com decência, como quem age à luz do dia (Rm 13.13).
No Novo Testamento Grego, outras palavras também são utilizadas para descrever as bebedeiras, seus praticantes e suas consequências: 1) “methusos” se refere às pessoas que têm o hábito de beber demais, as quais são chamadas de bêbados, beberrões ou intoxicados pelo álcool (1 Co 5.11; 6.10); 2) o verbo “methusko” significa a prática de se embebedar ou embriagar (Lc 12.45; 1 Ts 5.7; Ef 5.18); 3) “methuo” se refere principalmente ao estado de embriaguez ou ebriedade de uma pessoa (Mt 24.49; Jo 2.10; At 2.15; 1 Co 11.21; 1 Ts 5.7; Ap 17.2,6); 4) “potos” ou “poton” significam tanto o ato de beber, como o de farrear, sendo traduzidas para o português geralmente pelas palavras “borracheira”, “bebedeira” ou “farra” (1 Pe 4.3); 5) “oinophlugia” significa a embriaguez causada pelo consumo excessivo de vinho, geralmente traduzida em 1 Pe 4.3 por “bebedeiras” ou “bebedices”; e 6) “kraipale”, que é o termo traduzido por “consequências da orgia” em Lc 21.34 (ARA), denota o comportamento desregrado de um bêbado, totalmente sem controle e sem pudor, mas cheio de indiscrição e imodéstia.
Nos tempos bíblicos, as pessoas que viviam na região do Mar Mediterrâneo não conheciam o processo de destilação de bebidas alcoólicas, o qual produz a cachaça e o uísque. As bebidas alcoólicas conhecidas eram produzidas a partir da fermentação de suco de frutas (principalmente uva) e cereais (como a cevada). A bebida alcoólica mais conhecida e consumida daquele tempo era o vinho (gr. oinos) fermentado, que era consumido tanto puro quanto misturado com água para diluir o seu efeito embriagante.
A Bíblia registra vários casos de pessoas que ficaram embriagadas e causaram problemas, a exemplo de Noé (Gn 9.20-24), Ló (Gn 19.30-35), Nabal (1 Sm 25.36), Urias (2 Sm 11.12,13), Amom (2 Sm 13.28), o rei Elá de Israel (1 Rs 16.8-10) e BenHadade da Síria (1 Rs 20.16). O sábio Salomão aconselha a abstinência do vinho, uma vez que a embriaguez traz consequências terríveis (Pv 20.1; 21.17; 23.29-35; 31.4-5). O profeta Isaías também denunciou a embriaguez do povo de Judá (Is 5.11,22;28.1,3,7,8).
No Novo Testamento, a Bíblia diz que o servo que vive bebendo e se embriagando com os ébrios não está vigiando, mas despreparado para a vinda de Jesus (Mt 24.49; Lc 12.45). Jesus contou a parábola da figueira para exortarmos acerca da vigilância e advertiu: “Acautelai-vos por vós mesmos, para que nunca vos suceda que o vosso coração fique sobrecarregado com as consequências da orgia, da embriaguez e das preocupações deste mundo…” (Lc 21.34 – ARA). Paulo também desaconselha a bebedeira e exorta os crentes a serem vigilantes e sóbrios (1 Ts 5.6-7), afirma que não devemos andar em orgias e bebedeiras (Rm 13.13), e diz que o cristão verdadeiro não deve se associar ou comer com os falsos crentes que são beberrões e que vivem na prática de diversos pecados (1 Co 5.11).
Exortando à Igreja, apóstolo Pedro aconselha-nos que “…de agora em diante, vivam o resto da sua vida aqui na terra de acordo com a vontade de Deus e não se deixem dominar pelas paixões humanas. No passado vocês já gastaram bastante tempo fazendo o que os pagãos gostam de fazer. Naquele tempo vocês viviam na imoralidade, nos desejos carnais, nas bebedeiras, nas orgias, na embriaguez e na nojenta adoração de ídolos” (1 Pe 4.2-3 – NTLH). Portanto, bebedeiras e orgias são obras que caracterizam o “velho homem” e não fazem parte da nova vida que levamos na presença de Deus (Rm 6.6; 2 Co 5.17; Ef 4.22-24; Cl 3.5-10). A embriaguez é um pecado tão sério, a ponto de a Bíblia afirmar que os bêbados não são salvos e não herdarão o reino de Deus (Gl 5.21), a menos que se converta a Cristo (1 Co 6.9-11). Diante do exposto, sigamos a recomendação da Palavra de Deus: “E não vos embriagueis com vinho, que leva à devassidão, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18 – AS21).

Ev. Fábio Henrique (1º Secretário da AD Mossoró e professor da EBD e do CETADEM)

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