DISCÓRDIAS E FACÇÕES

Discórdia ou dissensão (gr. “dichostasia”) e facção ou heresia (gr. “hairesis”) são duas das nove obras da carne que se manifestam nas relações interpessoais (Gl 5.20-21 – ARC). Em Gálatas 5.20, o Novo Testamento Grego traz as palavras dissensão e heresia no plural, dando ideia da diversidade de operações e de manifestações desses pecados da carne.
O vocábulo “dichostasia” só aparece duas vezes no Novo Testamento Grego (Rm 16.17 e Gl 5.20) e significa, literalmente, a divisão de um grupo anteriormente unido, em dois grupos rivais que se opõem um ao outro por meio de discórdias e dissensões. A “dichostasia” é um sentimento carnal que faz com que as pessoas fiquem à parte, com raiva dos outros, sem gostar da outra parte, e vendo os outros como inimigos. Transforma um grupo anteriormente unido, em dois grupos bipolares: “eu e você” ou “nós e eles” ou “contra e a favor” ou “esquerda e direita” ou “os do bem e os do mal” ou “amigos e inimigos”.
Escrevendo aos Romanos, Paulo recomendou que aquela igreja tivesse cuidado e se afastasse de pessoas que causam divisões, dissensões e rachas nas igrejas (Rm 16.17). Na igreja de Corinto havia quatro divisões ou grupos, a saber: os de Paulo, os de Apolo, os de Pedro e os de Cristo (1 Co 1.11-13). A existência dessas divisões era um sinal claro da carnalidade daquela igreja, conforme denunciou apóstolo Paulo em 1 Co 3.1-9.
No mundo em que vivemos, diariamente a gente se depara com divisões e segregações de pessoas, classes sociais, partidos políticos e raças, sem falar de algumas divisões trágicas que podem ocorrer no meio dos crentes, como as divisões eclesiástica e teológica.
Sabiamente, Jesus declarou: “…Todo reino dividido contra si mesmo será destruído; e toda cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá” (Mt 12.25b – AS21). Por este motivo, Jesus orou por seus discípulos e pediu ao pai “para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu, em ti…” (Jo 17.21a). Aos Coríntios, Paulo ensinou que a Igreja é um só corpo composto de diferentes membros, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres (1 Co 12.12-14), mas o certo é que há muitos membros, mas um só corpo (1 Co 12.20). Dessa forma, a Bíblia reconhece as diferenças entre os membros da Igreja, mas estes devem viver em união, cooperando e cuidando uns dos outros (1 Co 12.25). Isso é possível porque em um só Espírito todos nós fomos batizados em um só corpo, que é a Igreja (1 Co 12.13).
Visto que há um só corpo, um só Espírito, um só Senhor, uma só fé, um só batismo e um só Deus e Pai de todos (Ef 4.4-6), devemos andar “…como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef 4.1-3). Leia Cl 3.12-15.
Como antídoto contra a “dichostasia”, temos que tratar os outros com mais amor e tolerância e aprender a conviver com as diferenças, mas sem negociar princípios imutáveis da Palavra de Deus. Temos que manter a unidade na diversidade. Leia Rm 12.16; 1 Co 1.10; 2 Co 13.11; Fp 2.2; 1 Pe 3.8.
O vocábulo grego “hairesis”, que aparece em Gl 5.20, geralmente é traduzido para o português por “heresia”, “facção” ou “partidarismo”. No grego, a palavra “hairesis” não é necessariamente uma palavra má, porque significa um ato de escolher, ou uma escolha. No Novo Testamento, “hairesis” denota um grupo de pessoas que pertencem a uma escola específica de pensamento e ação e que sustentam um tipo de crença. Trata-se de um grupo de pessoas que escolheu o mesmo modo de crer e de viver.
O termo “hairesis” ocorre apenas nove vezes no original grego, sendo utilizado positivamente para se referi à Igreja (At 24.5,14; 28.22) ou às seitas (facções) dos Saduceus (At 5.17) e dos Fariseus (At 15.5; 26.5). No sentido negativo, “hairesis” pode se referir a um pecado da carne (Gl 5.20), a um ensinamento falso que pode surgir dentro da Igreja (2 Pe 2.1) e à grupos, partidos ou facções que surgem dentro da Igreja (1 Co 11.19).
A discórdia ou divisão ou dissensão é um pecado da carne que se refere ao espírito faccioso que, quando entra em ação, promove a divisão ou racha de um grupo em duas facções ou dois partidos rivais, o que enfraquece o grupo e prejudica a união. Porém, o crente nunca deve cometer esses pecados da carne, pois a Bíblia afirma: “Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!” (Sl 133.1).

Ev. Fábio Henrique (1º Secretário da Assembleia de Deus em Mossoró-RN e professor da EBD e do CETADEM)

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