DOIS OU TRÊS REUNIDOS

“por que, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ai estou eu no meio deles” (Mt 18.20 – ARF)

Onde podemos encontrar Deus, essa é uma pergunta que nos inquieta, desde os tempos de criança. Os cristãos, com base nas declarações de Jesus, sabem que Deus é Espírito, por isso não pode ser encontrado fisicamente (Jo. 4.24).

Assim sendo, Ele não está limitado à dimensão espaço-tempo, como acontece com os seres humanos. Contudo, as pessoas não podem fugir da presença de Deus, o salmista reconheceu essa verdade em uma poesia, na qual pergunta: para onde fugirei da Tua presença? (Sl. 139.7-10).

Para Davi, o autor desse salmo, Deus poderia ser encontrado em todos os lugares, nada pode escapar da sua presença. Mas é preciso ter cuidado ao interpretar textos semelhantes a esse, para não confundir um Deus Onipresente, que está além da criação, com a própria criação. Equívocos desse tipo tem resultado em interpretações panteístas, ou seja, argumento de que deus é a natureza. Há até quem veja Deus em todos os lugares, e defende que Ele é o mar, a luz, ou outra entidade criada. Mas os cristãos, desde o princípio, argumentam, pela Bíblia, que Deus é Criador, não criação.

Por outro lado, reconhecemos que Deus pode habitar nos crentes, através do Espírito Santo, a partir do momento em que Cristo é recebido como Salvador. É nesse sentido que citamos o versículo de Mt. 18.20 “pois onde se acham dois ou três reunidos em meio nome, ai estou eu no meio deles” (ARC). Essa é uma promessa confortadora, podemos saber que quando nos reunimos na comunidade de fé, Jesus se encontra presente. Quando a igreja se reúne para adorar a Deus, a leitura da Palavra e a oração, temos a convicção de que Ele está conosco. Não apenas sobre nós, mas em nós até o fim dos séculos (Mt. 28.20).

Mas devemos atentar para uma especificidade em Mt. 18, é a de que Jesus não está falando a respeito da oração.

Nem mesmo sobre adoração, na verdade esse é um texto relacionado à disciplina eclesiástica. O propósito do Mestre, nessa passagem bíblica, é destacar as situações de conflitos na igreja. Devemos considerar que essa declaração é subsequente à parábola ovelha perdida, e logo depois segue a do credor incompassivo. Portanto, a expressão de Jesus tem a ver com perdão e restauração, principalmente para aqueles que se distanciaram de Deus.

No contexto da passagem, Jesus orienta para procurar o irmão ofensor, mostrando seu pecado, então se ganhou um irmão (Mt. 18.15). A mensagem do Senhor é clara: os pecados individuais não devem ser ignorados. Na maioria dos casos o confronto é necessário, a fim de restaurar as partes ofendidas. Essa doutrina é reforçada por Paulo em sua Epístola aos Gálatas: “irmão, se um homem chegar a ser surpreendido em algum delito, vós que sois espirituais corrigi o tal om espírito de mansidão; e olha por ti mesmo, para que também tu não sejas tentado” (Gl. 6.1 – ARA).

Em algumas situações é preciso que mais de uma pessoa seja envolvida na tentativa de recuperar o ofensor (Mt. 18.16). O pecado é algo sério na igreja, a desconsideração desse pode resultar em contaminação coletiva. Paulo se referiu a essa condição quando afirma: “não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda?” (I Co. 5.6 – ARC). Ou seja, se o pecado não for confrontado, poderá destruir o relacionamento dos envolvidos, e comprometer a saúde espiritual da igreja em sua totalidade. Se houver ausência de arrependimento, talvez seja o caso de levar a situação à igreja, a fim de que essa se posicione a respeito da situação (Mt. 18.17).
É nesse contexto que interpretamos Mt. 18.20, destacando a preocupação da igreja com a restauração de um ofensor. A comunidade de fé deve ser conclamada, como exemplo de amor cristão, para conduzir o pecador a Cristo. Como o pródigo da parábola de Jesus que retornou ao lar, a igreja deve se alegrar com aqueles que se arrependem dos seus pecados (Lc. 15.11-22). Mas há casos em que há impenitência, fazendo com que a disciplina seja necessária, até mesmo para que o pecador tenha a oportunidade de aprender com seu erro, e possa arrepender-se da sua transgressão.
Nessa passagem Jesus está destacando que quando sua igreja se reúne, com vista à reconciliação de alguém que buscou arrependimento, Ele endossará as decisões tomadas pela assembleia. Com essa interpretação não questionamos a verdade bíblica de que Deus sempre está conosco. O Senhor Jesus destacou que está sempre conosco, sobretudo nos momentos em que estamos a sós com o Pai, em oração (Mt. 6.6). Mas isso nada tem a ver com Mt. 18.20, cujo contexto é o de disciplina, na comunidade dos santos, com vistas à restauração dos pecadores, para que esses desfrutem da comunhão, reservada aos que vivem sob o senhorio de Cristo.

Ev. José Roberto A. Barbosa (2º Secretário da Assembleia de Deus em Mossoró-RN e professor da EBD)

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