DOMÍNIO PRÓPRIO

Após rejeitar o sacrifício de Caim, Deus disse a ele que o pecado estava à espreita, querendo conquistá-lo, mas que ele deveria dominá-lo (Gn 4.7b). O homem é pecador por natureza e não consegue vencer sozinho o poder do pecado (Sl 51.5; Ec 7.20; Jr 17.9; Gn 6.5; 8.21). Além de não compreender as coisas espirituais (1 Co 2.14), o homem natural vive escravisado pela sua natureza humana pecaminosa (Rm 7.14-23), praticando as obras da carne (Gl 5.19-21).

Duas dessas obras da carne são as bebedeiras e as orgias (Gl 5.21), que são pecados relacionados à falta de autocontrole, licenciosidade, devassidão e libertinagem.

Para nos ajudar a não cair nesse tipo de pecado, o Espírito Santo concede ao cristão regenerado a nona e última virtude do fruto do Espírito (Gl 5.22-23), denominada de temperança ou domínio próprio (gr. egkrateia). A palavra grega “egkrateia” ocorre apenas em três versículos Bíblia (At 24.25; Gl 5.23; 2 Pe 1.6), cujo significado inclui a ideia de autocontrole ou domínio próprio do crente sobre todos os seus desejos e paixões carnais. Ao invés de se entregar às licenciosidades e às incontinências hedonistas, o crente fiel controla seus desejos e paixões. Se por um lado as pessoas carnais são incontinentes, dissolutas e intemperantes, por outro lado os crentes espirituais refreiam seus apetites carnais, são comedidos, moderados, temperantes e apresentam domínio próprio.

Ao discorrer sobre a fé em Cristo com o governador Félix, apóstolo Paulo mencionou a temperança (gr. egkrateia) juntamente com a justiça e o juízo vindouro (At 24.25), o que evidencia a importância dessa virtude do fruto do Espírito. Apóstolo Pedro também reconheceu a importância do domínio próprio, ao recomendar que os cristãos devem associar a temperança e outras virtudes à fé, para que não sejamos inativos e nem infrutuosos no pleno conhecimento de Jesus Cristo (2 Pe 1.6-7).

Além do substantivo “egkrateia”, outras palavras gregas também são usadas na Bíblia para se referir à essa virtude do fruto do Espírito, como o adjetivo “egkrates” (Tt 1.8), o verbo “egkrateuomai” (1 Co 7.9; 9.25) e o adjetivo “nephaleos” ou “nephalios” (1 Tm 3.2,11; Tt 2.2). A falta de domínio próprio, que é a intemperança ou incontinência, é descrita pelo substantivo grego “akrasia” (Mt 23.25; 1 Co 7.5), sendo que a pessoa que não tem domínio de si ou que é intemperante, é caracterizada pelo adjetivo “akrates” (2 Tm 3.3).

Nos últimos dias, que são tempos trabalhosos, uma das marcas dos homens que não servem a Deus é a incontinência (ARC) ou a falta de domínio de si (ARA), conforme 2 Tm 3.1-3. Jesus acusou os escribas e fariseus de se preocuparem excessivamente com o exterior dos copos e dos pratos, mas os corações deles estavam cheios de rapina e de intemperança (Mt 23.25 – ARA).

Por ser uma virtude do fruto do Espírito (Gl 5.22-23), o domínio próprio é dado por Deus, mas o homem também deve fazer a sua parte. Em 1 Co 9.25 Paulo usa o verbo “egkrateuomai” para se referir à atitude proativa do atleta que “de tudo se abstém” (ARC), “em tudo se domina” (ARA) ou que “exerce domínio próprio em todas as coisas” (AS21), com a finalidade de alcançar uma coroa corruptível. Quando uma pessoa é privada de relações sexuais por seu cônjuge, ela pode perder o domínio próprio e ser tentada por Satanás para cometer o pecado de incontinência sexual (1 Co 7.5). Ainda nessa área do controle dos desejos sexuais, Paulo aconselhou os solteiros e os viúvos que “…se não conseguem controlar-se, devem casar-se, pois é melhor casar-se do que ficar ardendo de desejo” (1 Co 7.9 – NVI).

A virtude do domínio próprio foi bastante destacada pelo apóstolo Paulo nas Epístolas Pastorais. Dentre várias qualidades exigidas dos candidatos ao presbitério da igreja da ilha de Creta, uma delas era que o obreiro deveria ser uma pessoa que tivesse “domínio de si” (Tt 1.8 – ARA). Em 1 Tm 3.2 (ARA), ao listar alguns pré-requisitos dos candidatos ao ministério pastoral, Paulo disse que eles deveriam ser irrepreensíveis, esposos de uma só mulher, hospitaleiros, aptos para ensinar, mas também deveriam ser sóbrios, modestos e temperantes (gr. “nephaleos”). Este mesmo adjetivo grego também foi empregado para mostrar que as diaconisas da igreja deveriam ser mulheres temperantes, além de respeitáveis, não maldizentes e fiéis em tudo (1 Tm 3.11 – ARA). Essa qualidade da temperança também foi recomendada por Paulo para os homens idosos: “Quanto aos homens idosos, que sejam temperantes, respeitáveis, sensatos, sadios na fé, no amor e na constância” (Tt 2.2 – ARA).

O crente que tem domínio próprio cumpre em sua vida o que Jesus disse: “se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc 9.23). O domínio próprio é uma marca tão distintiva do cristão, que apóstolo Paulo afirmou: “e os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências” (Gl 5.24). Isso é temperança.

Que possamos cada vez mais valorizar, buscar e cultivar na nossa vida cristã a virtude do domínio próprio, pois “como uma cidade destruída e sem muros, assim é o homem que não pode conter-se” (Pv 25.28 – AS21). Por outro lado, “…quem tem domínio próprio é melhor que aquele que conquista uma cidade” (Pv 16.32 – AS21).

Ev. Fábio Henrique (1º Secretário da Assembleia de Deus em Mossoró-RN e professor da EBD e do CETADEM).

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