ENSINA A CRIANÇA NO CAMINHO

É bastante comum ouvir pessoas citarem Pv. 22.6: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele”, como se essa fosse uma verdade categórica. Mas é preciso ter cuidado com a interpretação dos textos poéticos, sobretudo aqueles que se encontram no livro de Provérbios. Reconhecemos, conforme expressou Paulo, que “toda Escritura é divinamente inspirada” (II Tm. 3.16), mas isso não quer dizer que toda ela deve ser interpretada de igual modo. Existem diferentes gêneros textuais na Bíblia, e cada um deles deve ser abordado distintamente.
Os textos de Provérbios devem ser compreendidos como verdades gerais, e não devem ser aplicados indistintamente, como se não existissem exceções. Sendo assim, compreendemos que Pv. 22.6 é uma instrução para os país, a fim de que esses criem seus filhos na admoestação do Senhor. Essa orientação está em consonância com o que está escrito em Dt. 6.7, em relação à Palavra de Deus: “E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te”. Os pais precisam aproveitar todas as oportunidades para ensinarem seus filhos a trilhar a senda da justiça.
Mas isso não quer dizer que eles permanecerão para sempre nas instruções dadas pelos seus pais. Existem pais decepcionados porque não conseguiram fazer com que seus filhos permanecessem no convívio eclesiástico. O novo nascimento é uma experiência individual, e a caminhada na fé é uma decisão pessoal. Os pais não podem garantir que seus filhos farão opção pela sua fé depois que crescerem. Eles precisam tomar suas decisões por Cristo, a confissão dos seus pais não é hereditária. Lembremos a parábola do Filho Pródigo, narrada por Jesus, alicerçada no contexto judaico, que pressupunha a rebelião (Lc. 15.12,13).
O versículo de Pv. 22.6 deve ser interpretado no contexto das instruções sapienciais da poesia judaica. É importante ressaltar, a esse respeito, a máxima interpretativa para o livro de Provérbios e a seguinte: a maioria deles são princípios, não promessas para o futuro. Sendo assim, o sábio está elaborando uma orientação, para que os país ensinem seus filhos a trilharem o caminho do justo. A observação e a experiência têm demonstrado, e somos testemunhas dessa realidade, que os pais que ensinam seus filhos, têm menos chances de terem problemas com eles no futuro. Mas isso não pode ser universalizado.
O propósito de Pv. 22.6 é admoestar os país a ensinarem as crianças no “caminho da sabedoria”, que é o caminho que todos “também devemos trilhar”. E a sabedoria, no contexto de Provérbios, é o temor do Senhor (Pv. 1.7). Essa não é uma tarefa fácil, sobretudo nos dias atuais, nos quais as crianças estão sujeitas a influências diversas. Existem muitos estímulos culturais que podem comprometer a permanência dos jovens no caminho correto. “O que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida” (I Jo. 2.16) têm desviado muitos jovens que outrora foram ensinados a andar no caminho de Deus.
Concluímos, portanto, que devemos, como pais responsáveis, ensinar nossos filhos no caminho do Senhor. É menos provável que um filho instruído na Palavra de Deus, orientado com dedicação, opte pelo caminho da injustiça. Mas essa não é uma promessa que garanta que eles permanecerão seguindo o Senhor, e que jamais se desviarão da verdade que lhes foi ensinada. Devemos ter cuidado com a utilização indevida desse texto, pois pode resultar em sentimento de culpa, quando pais cristãos veem seus filhos se distanciarem da fé. Se isso vier a acontecer, devemos, com amor, continuar orando por eles, e como o pai do Pródigo, esperar que retornem para casa.

Ev. José Roberto A. Barbosa (2º Secretário da Assembleia de Deus em Mossoró-RN e professor da EBD)

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