EXEGESE:PLANOS PARA PROSPERAR

“Porque eu sei bem os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais” (Jr. 29.11 – ARC).

Esse versículo tem sido, às vezes, mal interpretado, e não poucas, aplicado indevidamente às vidas das pessoas. Talvez porque ele representa os anseios das pessoas, principalmente no que tange à prosperidade. Mas para compreender melhor, e fazer uma aplicação apropriada, faz-se necessário interpretá-lo em seu contexto. Esse foi um período de desespero para os judeus. Os reis e sacerdotes estavam envolvidos em atos de corrupção, a situação do povo também não era diferente. Eles optaram por ir após outros deuses, devotaram-se às praticas pecaminosas, incompatíveis com a aliança divina.

É nesse contexto que surge a voz profética de Jeremias, a fim de advertir o povo quanto ao futuro iminente, a condução da nação ao cativeiro babilônico. O cumprimento de Jr. 29.11 somente aconteceria após os setenta anos distantes da terra (Jr. 25.11). A mensagem dos falsos profetas tinha como objetivo agradar os ouvintes. Um desses “profetas”, chamado Hananias, no cap. 28 de Jeremias, propagava que nenhuma desgraça sobreviria sobre o povo de Judá. Esse “profeta” se assemelha a alguns mensageiros atuais da teologia da prosperidade. Eles asseguram que nenhum mal alcançará os que creem, contanto que exercitem sua fé no Senhor.

Com base nessa contextualização, podemos compreender que essa é uma promessa específica de Deus para o povo de Judá. Trata-se, portanto, de uma promessa para a nação, e que necessariamente não se aplica a pessoas individualmente. A promessa do Senhor é a restauração da nação judaica após os setenta anos de cativeiro. A prosperidade viria depois dos anos difíceis sob o governo dos gentios. O cumprimento dessa profecia se deu quando o povo reestabelece a nação, reconstrói o templo, e restaura os muros de Jerusalém. É provável que a maioria das pessoas que ouviram essa profecia não testemunhou seu cumprimento.

Diante dessa interpretação, vale a pena se indagar: posso fazer uso dessa passagem e aplicá-la a minha vida pessoal? A resposta é: depende. Assumimos que o cristão espera um futuro glorioso, e pode ter esperança em relação ao cumprimento das profecias que apontam para esse momento. Aos crentes está reservado o arrebatamento da Igreja, que poderá acontecer a qualquer momento, quando a trombeta soar (I Ts. 4.13-18). Além disso, temos a certeza que estaremos na Jerusalém Celestial, a cidade que descerá dos Céus (Ap. 21), na qual não haverá mais pranto, nem morte, nem dor. Essa segurança na promessa divina nos motiva a enfrentar os desafios do tempo presente (Rm. 8.18).

Por causa da ênfase na prosperidade terrena há crentes que estão perdendo o foco na caminhada cristã. Quando lemos Hb. 11, percebemos que muitos daqueles que viveram pela fé não viram o cumprimento das promessas divinas em suas vidas. Mesmo tendo enfrentando momentos de adversidade, mantiveram a esperança na glória futura, a certeza nas coisas que se esperam, mas que não podem ser vistas (Hb. 11.1). Essa é aplicação apropriada de Jr. 29.11, a partir da esperança da glória celestial, reservada a todos aqueles que amam a vinda de Cristo (II Tm. 4.8). Lembramos que aquilo que o olho não viu e o ouvido não ouviu foi o que Deus reservou para aqueles que O amam (I Co. 2.9).

Antes de nos preocupar com as bênçãos materiais, devemos manter o foco nas bênçãos espirituais. A Igreja precisa voltar a valorizar a reconciliação, o perdão, a paz com Deus e a comunhão entre os irmãos. O próprio fruto do Espírito está sendo desprezado, são poucos os que oram pedindo ao Senhor as riquezas celestiais em Cristo. A ganância, própria do homem moderno, faz com que esse despreze os tesouros celestiais, levando-o a usar as Escrituras inadequadamente (Mt. 6.19-21), a fim de justificar seus desejos egoístas. Isso costuma acontecer com versículos cujas promessas são destinadas a Israel, que nem sempre se aplicam a condição pessoal do cristão.

Reconhecemos que Deus pode dar ao crente a possibilidade de conseguir um bom emprego, bem como uma família abençoada, na qual todos desfrutem de saúde. Mas isso nada tem a ver com Jr. 29.11, está relacionado também às escolhas que fazemos. Para conseguir um emprego digno e lícito, além de orar e buscar a orientação divina, é preciso investir na formação profissional. Em relação à família, é importante saber escolher com sabedoria o cônjuge, dedicar tempo para a edificação do lar, sobretudo para o desenvolvimento dos filhos. Mesmo com essas bençãos divinas, não podemos esquecer que somos peregrinos na terra, não podemos perder nossa morada celestial de vista (Fp. 3.20).

Ev. José Roberto A. Barbosa (2º Secretário da Assembleia de Deus em Mossoró, 1º copastor do Templo Central e Superintendente Geral da Escola Bíblica Dominical)

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