A palavra “glória” é bastante recorrente nas Escrituras, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Em hebraico é kabod, cujo significado está associado à dignidade, riqueza ou alta posição. O próprio Yahweh dignificou o ser humano, dando-lhe honra (Sl. 8.5), para que esse dominasse sobre a criação divina (Sl. 8.6-8). Em alguns contextos bíblicos da Antiga Aliança, a glória estava relacionada à riqueza ou ao status atribuído a alguém (Gn. 31.1; Hc. 2.9). No caso dos sacerdotes israelitas, esses traziam a kabod de Deus até mesmo nas vestimentas (Ex. 28.2).
O significado mais teológico de kabod se refere à divindade, à posição de Yahweh perante toda a criação (Sl. 57.5,11). Por isso o conceito de glória está atrelado ao de reverência, especialmente destinada a Deus. Os livros poéticos, dentre eles os Salmos, ressaltam a kabod de Deus, principalmente na adoração (Sl. 29.2; 66.2). Quando as pessoas se prostram diante do Eterno, esse manifesta a Sua kabod, é nesse sentido que em Dt. 5.24, o autor discorre a respeito da glória eterna de Deus, revelada aos seres humanos.
Os utensílios do tabernáculo, bem como do templo judaico, apontavam para a glória de Yahweh (Ex. 29.43; 40.34). Por isso, quando a arca do Senhor foi perdida para os filisteus, a kabod de Israel se foi com ela (I Rs. 8.11; Sl. 63.2). Para os profetas, essa dizia respeito ao poder, esplendor e santidade de Deus (Is. 3.8). De modo que a kabod de Deus revelava Sua pessoa e dignidade, sendo expressão do próprio nome do Senhor (Is. 11.10; 24.23). Os profetas também antecipavam com expectação a manifestação futura da kabod divina para Israel, para converter a nação (c. 2.5-11), trazendo salvação (Is. 60.1,2).
No Novo Testamento a palavra doxa é geralmente traduzida como honra, glória ou esplendor. Por isso em certas ocasiões esse termo pode ser usado para se referir às pessoas, na medida em que essas buscam indevidamente honra ou glória (Jo. 7.18; 12.43). Encontramos também esse vocábulo relacionado ao esplendor terreno temporário e ilusório, demonstrado por Satanás a Jesus, quando o Senhor foi tentado (Mt. 4.8). Mas a maior recorrência do termo grego doxa, como o hebraico kabod, está relacionada a Deus, sendo Ele reconhecido como o Pai da Glória (Ef. 1.17) ou Deus de Glória (At. 7.2).
A expectativa profética, pela manifestação da kabod de Deus se concretizou em Cristo, pois quando Ele veio ao mundo, trouxe a glória do Unigênito (Jo. 1.14). E porque Ele carregou sobre Si a doxa de Deus, podemos também aguardar o dia em que habitaremos na glória (I Co. 15.40), em corpos glorificados (II Co. 3.7-11; Cl. 3.4). Isso acontecerá por ocasião da volta de Cristo, que se dará de maneira gloriosa (Tt. 2.13). Enquanto esse dia não chega, devemos nos submeter a Deus, reconhecendo que somente Ele é digno de toda kabod/doxa (II Co. 4.15; Ef. 3.21).
Portanto, porque servirmos a um Deus de glória, devemos viver para a kabod/doxa dEle, e isso deve ser demonstrado através dos comportamentos diários, a começar pelo comer e o beber (I Co. 10.31). Por esse motivo, após concluir cada uma das suas primorosas composições, o músico Johann Sebastian Bach acrescentava a expressão latina ao final do texto: Soli Deo Gloria. É preciso lembrar que Deus não dar a Sua glória a outro deus, ou a quem quer que seja (Is. 42.3). Estejamos atentos para não dar aos ídolos a glória que somente pertence ao Senhor. A Ele seja toda honra e glória pelos séculos dos séculos (Rm. 11.36). Amém.
Ev. José Roberto A. Barbosa (2º Secretário da Assembleia de Deus em Mossoró-RN e professor da EBD)
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