Em Pv. 4.23 está encontramos a seguinte orientação: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida”. Antes de interpretar esse versículo, faz-se necessário destacar alguns aspectos sobre o livro de Provérbios. Trata-se de um livro de sabedoria judaica, com orientações práticas para a vida, mas que não podem ser generalizadas. Contudo, essa coletânea de pensamentos está repleta de conselhos que se observados podem tornar a pessoa sábia para a vida. A partir dos primeiros capítulos, observamos uma série de conselhos dados por um pai ao seu filho, a fim de que esse trilhe o caminho da sabedoria, e aprenda a temer ao Senhor, para que possa se relacionar com Deus.
É nesse contexto que o pai passa suas instruções ao filho, para que também fuja do caminho da impiedade. O caminho do mal, diferentemente da trilha da sabedoria, conduz à destruição da própria vida. Para tanto, o conselho paternal evoca a metáfora do corpo, a importância de proteger o coração, de se apartar do discurso perverso nos lábios, de fixar os olhos no caminho da justiça, e de firmar os pés na senda da retidão. Esse é o motivo do conselho: “guarda o teu coração”, em Pv. 4.23. Em hebraico, a palavra “coração” é um termo bastante amplo, que engloba a mente, as emoções e a vontade. É o centro do qual emana todas as ações do indivíduo, é por esse motivo que “dele procedem as fontes da vida”.
Guardar o coração, nessa perspectiva, significa proteger a vida das influências maledicentes, que podem corromper o caráter. Em termos práticos, diz respeito a cuidados com as práticas cotidianas, e a fugir de atitudes que possam distanciar a pessoa de Deus. Uma vida desequilibrada, voltada para os vícios e práticas pecaminosas, além de comprometer o relacionamento da pessoa com o Criador, podem resultar em problemas de saúde. Evidentemente, a preocupação central do autor de Provérbios é com uma vida regrada, centrada na Palavra de Deus. O conselho de Paulo é bastante apropriado, e confirma a orientação do sábio: “as más companhias corrompem os bons costumes” (I Co. 15.33).
Nos capítulos iniciais do livro de Provérbios, as orientações do pai para seu filho, servem como advertência contra os perigos de uma vida de excessos, sobretudo na área da sexualidade. A promiscuidade sexual, em termos bastante práticos, pode destruir o caráter e arruinar a vida. É na vida conjugal dentro do casamento que o jovem encontra satisfação e alegria sexual, fora desse contexto, a sexualidade desenfreada pode incendiar tudo que se encontra por perto. O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, seguir os conselhos paternos, por conseguinte, faz toda a diferença para vida, e evita que o jovem siga a rota da destruição. Em alguns contextos, aplica-se o sábio provérbio dos nossos pais: “diga-me com quem andas, que te direi quem é és”.
Evidentemente, isso não quer dizer que devemos nos distanciar das pessoas, muito menos que devemos viver enclausurados. Mas que é preciso ter cuidado para não se deixar influenciar negativamente. É nesse contexto que devemos interpretar o conselho: “guarda o teu coração”, quando se trata de se relacionar com pessoas que podem nos distanciar dos caminhos da justiça. A esse respeito, bem nos lembra o autor do Salmo 1: bem-aventurado aquele que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer nas instruções do Senhor, e nela medita de dia e de noite. Esse será como árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto da estação própria e cujas folhas não caem. Assim acontecerá com todo aquele que leva em consideração o sábio conselho: “guarda o teu coração”.
Ev. José Roberto A. Barbosa (2º Secretário da Assembleia de Deus em Mossoró-RN e professor da EBD)
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