INTIMIDADE E TRANSPARÊNCIA

Gênesis 2.24-25: “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne. Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam”.

A definição intimidade é complexa uma vez que seus significados variam de relacionamento para relacionamento, e dentro de um mesmo relacionamento ao longo do tempo. Em alguns relacionamentos, a intimidade está ligada ao sexo e sentimentos de afeto podem estar conectados ou serem confundidos com sentimentos sexuais. Em outros relacionamentos, a intimidade tem mais a ver com momentos divididos pelos indivíduos do que interações sexuais. De qualquer forma, a intimidade está ligada com sentimentos de afeto entre parceiros em um relacionamento.

Esta não é uma definição precisa, mas mesmo sem ser específico, parece que a intimidade e relacionamentos saudáveis andam de mãos dadas. Certamente a intimidade é um ingrediente básico em qualquer relacionamento com algum significado: a base da amizade e uma das fundações do amor. As principais formas de intimidade são a intimidade emocional e a intimidade física. A intimidade intelectual, familiaridade com a cultura e os interesses de uma pessoa, é comum entre amigos. Membros de grupos religiosos ou filosóficos também percebem uma “intimidade espiritual” em sua comunidade.

A palavra intimidade muitas vezes quando é pronunciada logo se vem à mente a questão da relação sexual. Apesar de que a intimidade anda colada com a relação sexual, aqui me refiro principalmente à profunda comunhão do coração e do espírito entre marido e esposa. O sentimento de amor romântico não é como um objeto que possuímos ou não. Ele é, na verdade, um barómetro que serve para medir a quantidade e a profundidade da comunicação íntima entre marido e mulher. Quando alguém fala que não ama mais ou deixou de amar o seu cônjuge simplesmente eles perderam a habilidade de estabelecer e nutrir uma comunicação íntima um com o outro. Quando a comunicação íntima, espiritual e emocional é restaurada, geralmente esse sentimento romântico também é restaurado.

Podemos comparar o sentimento de amor romântico a uma conta bancária cujo saldo positivo aumento ou diminui à proporção que se fazem depósitos ou saques. Normalmente no começo do relacionamento existem muitos compartilhamentos praticados em nível do coração, de seus sonhos, desejos, aspirações, medos, decepções e desânimos que funciona como depósitos gerando sempre saldo positivo em sua conta sentimental. Alguns casais, logo depois que se casam, reduzem ou acabam com a comunicação íntima, neutralizando ou zerando qualquer depósito em sua conta. Quando isso acontece, a conta de sentimento romântico chega à zero ou fica negativa.

A transparência é a chave para a intimidade. A expressão em Gênesis 2.24-25, “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne. Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam”. No texto referido podemos tirar algumas conclusões. Obviamente, a primeira frase faz referencia ao plano de Deus para o casamento, descrevendo exatamente o fato de o Criador ter designado duas pessoas para se unir e tornar-se uma só carne. Já a segunda fase dessa passagem nos dá a dica de como isso deve acontecer. A passagem diz que o primeiro casal estava nu e não se envergonhavam. O verdadeiro sentido dessa passagem não era que o casal estivesse desfilando despidos pelo jardim, mas que entre eles havia um profundo e íntimo nível de comunicação. Ambos eram abertos e transparentes entre si em todas as áreas do seu ser: espírito, mente, sentimentos e corpo. Ou seja, eles viviam de uma maneira que não tinham nada a esconder um do outro.

Uma vez que a intimidade é a chave para o sentimento de amor romântico e que a “nudez” ou transparência é a chave para a intimidade, é extremamente importante para nós, como casal, aprendermos a investir tempo para nos comunicarmos de forma íntima e transparente um com o outro.

Ter intimidade é convidar o outro a “enxergar através de você”. Ser íntimo significa dar ao outro o privilégio de olhar para as profundezas do seu coração e estar disposto a expor tudo o que estiver dentro dele. Isso implica em ser totalmente transparente, em ter um relacionamento “nu”, sem nada encoberto ou escondido. O texto revela que o casal além de estar “nu” não se “envergonhava”. A vergonha é uma força muito potente que nos motiva a esconder coisas a respeito de nós mesmos que são erradas, feias ou das quais não gostamos. Um profundo medo de que outra pessoa descubra coisas a meu respeito, que eu não quero que ela saiba. Esse medo fará com que se tenha vergonha e esconda essas coisas desagradáveis do cônjuge, e quando isso acontece à intimidade no relacionamento conjugal tende a diminui. É muito importante entendermos que, da mesma forma que coisas escondidas destroem a intimidade no casamento, coisas escondidas também destroem a intimidade com Deus.

Logo, concluímos que, a intimidade depende da transparência e a transparência depende da confiança que a aliança produz em um casamento. Em um casamento, a intimidade é destruída quando mantemos coisas escondidas um do outro. Sempre que um cônjuge decide esconder algo, ainda que pequeno, do seu parceiro, ele estabelece um padrão de mentira, desonestidade e desconfiança em seu relacionamento conjugal. A verdade e a transparência sempre abrem a porta para a intimidade. Esconder coisas em um casamento sempre destrói o potencial de intimidade e o sentimento de amor romântico. Deus te abençoe…

Pr. Elumar Pereira  (Diretor do Departamento da Família da IEADEM )

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