POSSO TODAS AS COISAS

O versículo 13, do capítulo 4, da Epístola de Paulo aos Filipenses, costuma ser citado como uma espécie de amuleto, a fim de justificar atitudes precipitadas de alguns cristãos. Há quem, com base nessa passagem, defenda que não há limites para a fé. Aqueles que se consideram mais ousados, utilizam essa passagem para decretar a realização dos seus desejos, mesmo que esses sejam contrários à vontade de Deus. Faz-se necessário, no entanto, interpretar esse texto no contexto da referida Epístola, fazendo as aplicações devidas, respaldadas pela intenção do autor.
Destacamos, inicialmente, que o versículo não se reduz a “posso todas as coisas”, o Apóstolo acrescenta: “naquele que me fortalece”. Avaliemos, a princípio, a intenção de Paulo ao dirigir essas palavras aos crentes filipenses. Somente depois desse exercício, poderemos considerar as possibilidades de aplicação desse texto em nossas vidas. Adiantamos que a expressão “todas as coisas”, na verdade, não significa “qualquer coisa que desejamos”. Essa interpretação pode ser assim compreendida ao identificarmos que essa passagem foi escrita por Paulo quando esse se encontrava preso em Roma.
A igreja de Filipos foi plantada por Paulo durante uma das suas viagens missionárias, e se tornou um centro evangelístico, que muito estimava esse Apóstolo. Durante sua prisão, essa generosa comunidade de fé enviou-lhe uma oferta. Em resposta, escreveu uma Epístola àqueles irmãos, agradecendo a atenção deles, e o mais importante, admoestando-lhes a permanecerem firmes, e a se regozijaram no Senhor. O objetivo principal da Carta é levar os crentes a confiarem em Deus, que suprirá suas necessidades em Cristo Jesus (Fp. 4.19).
Paulo admoesta os irmãos daquela igreja a viverem pela fé, e a não depositarem sua confiança nas circunstâncias. Eles deveriam saber que o Senhor estava no comando das suas vidas, e que Ele supriria suas necessidades, ensinamento também dado por Jesus (Mt. 6.24-25). Por isso, antes de dizer que “pode todas as coisas naquele que me fortalece” (v. 13), declara: “porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade” (Fp. 4.11,12).
Depois de agradecer pela oferta recebida, ressalta que a Igreja deve aprender a estar contente, independentemente das situações. Esse é o contexto de Fp. 4.13, nada tem a ver com decretar, ou mesmo tomar atitudes precipitadas, pensando que Deus dará garantias. Em outras palavras, Paulo assegura que o Senhor é Aquele que dá fortaleza, e confiança para que as pessoas não vivam preocupadas. Esse é um aprendizado que todo crente é desafiado a buscar, trata-se de maturidade espiritual, demonstrada na capacidade de viver com muito, e também com pouco. Não podemos esquecer que a graça de Deus nos é suficiente, e que o Seu poder se aperfeiçoa em nós através das fraquezas (II Co. 12.9,10).
Sendo assim, o que podemos compreender e interpretar e, por conseguinte, aplicar para nossas vidas, a partir dessa passagem bíblica, é que Deus nos dará força para estar contentes quando as coisas não acontecerem da maneira que desejamos. Devemos continuar crescendo em nossa experiência com o Senhor, e não devemos colocar nossa confiança nas circunstâncias, principalmente nas riquezas. O texto de Fp. 4.13 tem um significado ainda mais especial quando o compreendemos, e aplicamos no contexto da Epístola. Nos reafirma que Deus está conosco, que Ele continuará nos dando forças, ainda que as circunstâncias sejam desfavoráveis.

Ev. José Roberto A. Barbosa (2º Secretário da Assembleia de Deus em Mossoró-RN e professor da EBD)

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