REVELAÇÃO

Deus pode ser conhecido? É possível desvelar o sobrenatural? A resposta é negativa, se considerarmos os métodos meramente humanos. A menos que Deus se dê a conhecer, ficaremos tateando no escuro. Há aqueles que, como os atenienses dos tempos de Paulo, constroem altares a deuses desconhecidos, assumindo a dificuldade de ter acesso ao verdadeiro Deus (At. 17.16-31). Talvez, por isso, ateus e agnósticos, quando se fundamentam na mera razão, são incapazes de conhecer a Deus. Ainda que, por outro lado, tornamse indesculpáveis, na medida em que pela natureza e consciência, podemos saber que Deus é Criador e Legislador (Rm. 1.19).
Mas é preciso destacar que Deus não pode ser apreendido em Sua totalidade, a menos que Ele mesmo decida se revelar (Jó. 42.2). A expressão do tetragrama hebraico YHVH, cuja pronúncia é desconhecida, reforça esse ocultamento do Eterno em relação às pessoas (Ex. 3.14). É nesse sentido que o profeta reconhece que o Deus de Israel é Alguém que verdadeiramente se oculta (Is. 45.15). Por causa disso, há quem não acredite que Ele seja pessoal e conhecível, e que esteja ausente da criação. Se confiarmos apenas na razão, e nos fundamentarmos na tradição científica, ou na religiosidade, concluiremos que muito pouco podemos saber a respeito de Deus.
Para os cristãos, o Criador dos céus e da terra não está oculto, Ele SE revela, esse é o motivo pelo qual dizemos que conhecemos a Deus. A palavra hebraica neum significa “enunciado, palavra ou revelação”, geralmente é traduzida para o português como oráculo ou declaração. Mas é no grego do Novo Testamento que temos uma expressão mais ampla da revelação divina. O termo apokalypsis aponta para algo que foi descortinado à humanidade. O último livro da Bíblia traz justamente esse nome, pois se refere às revelações de Jesus Cristo dadas a João na ilha de Patmos, a respeito das últimas coisas que deverão acontecer (Ap. 1.1).
Além de João, o apóstolo Paulo recebeu revelações do Senhor (II Co. 12.1,7; Gl. 1.12; 2.2), instruindo também a igreja de Corinto a respeito dos dons espirituais, e das revelações que o Espírito disponibiliza à igreja (I Co. 14.6). No entanto, essas revelações dependem do crivo do apocalypsis de Jesus Cristo, que não está restrito ao último livro da Bíblia, mas a tudo que Ele revelou nos evangelhos (Lc. 24.44,45). Ele é o princípio da revelação de Deus, que será completada escatologicamente, quando for revelado como Senhor do universo (I Co. 1.7; II Ts. 1.7; I Pe. 1.7, 13; 4.13). Por esse tempo, Deus julgará a todos (Rm. 2.5), e os filhos de Deus serão revelados (Rm. 8.19).
Mas o sentido neotestamentário do apocalypsis é mais amplo, e se fundamenta no próprio Cristo. Isso porque o Deus Oculto de Is. 45.15 e Desconhecido de At. 17.16 se deu a conhecer quando se fez carne (Jo. 1.1). Jesus Cristo é a revelação do mistério do plano de Deus que inclui os gentios, desfazendo as separações humanas (Lc. 2.32; Rm. 16.25; Ef. 3.3). A maneira mais confiável de conhecer a Deus é olhar para Cristo, cuja mensagem se encontra nas páginas das Escrituras. Jesus é o cumprimento das profecias da Antiga Aliança (Mt. 5.18), Seus discípulos registraram os ensinamentos dEle (Jo. 14.26).
Podemos conhecer a Deus não por meio da especulação filosófica, muito menos dos métodos científicos. Em relação a Deus esses campos do conhecimento pouco têm a dizer, pois os arautos de Deus foram entregues aos profetas e apóstolos, a quem YHVH manifestou Seus desígnios (Jr.1.4-19; I Co. 2.13; II Pe. 1.16-21). As Escrituras são suficientes para nos revelar o que precisamos saber a respeito de Deus, e para vivermos para Sua glória (II Tm. 3.16,17). Na pessoa de Cristo temos o rosto paterno de Deus (Jo. 14.9), que na plenitude dos tempos soberanamente se deu a conhecer (Gl. 4.4,5), de modo que o propósito central das Escrituras é revelar Cristo (Jo. 5.39; I Co. 15.3).
Portanto, se quisermos conhecer a Deus, devemos nos voltar para o evangelho, nEle está o ápice da apocalypsis de Deus (Hb. 1.1,2). Quando Simão Pedro fez sua confissão de fé em relação a Cristo, reconhecendo-O como Filho do Deus Vivo, Jesus declarou que aquele discípulo não teria do que se gloriar, pois o próprio Deus o havia revelado (Mt. 16.16,17). Pela graça de Deus recebemos a neum/apocalypsis, pela qual somos gratos ao Senhor, que entregou àqueles que se consideram fracos e pequeninos, os mistérios da Sua glória (Mt. 11.25).

Ev. José Roberto A. Barbosa (2º Secretário da Assembleia de Deus em Mossoró-RN e professor da EBD)

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