As pessoas ímpias dos tempos difíceis dos últimos dias também são soberbas (2 Tm 3.2) e estão obscurecidas pelo orgulho (2 Tm 3.4. ARA: “enfatuados”). Em 2 Tm 3.2, o vocábulo grego traduzido por “soberbos” na ARC é “huperephanos”, o qual aparece neste versículo e também em Lc 1.51; Rm 1.30; Tg 4.6 e 1 Pe 5.5. Outro termo grego com significado idêntico é “huperephania”, que aparece somente no evangelho de Marcos (Mc 7.22).
O adjetivo grego “huperephanos” vem da preposição “huper”, que significa “acima”, “além”, “mais que”, e do verbo “phaino”, que se refere a ação de “brilhar”, “espalhar luz”. Literalmente, “huperephanos” caracteriza alguém que pensa que a sua luz brilha mais do que a dos outros. É a pessoa que se acha e se coloca acima das outras, que sobrevaloriza seus próprios meios e méritos, e despreza os outros. “huperephanos” se refere a alguém prepotente que tem um conceito elevado de si mesmo e descreve uma característica mais internalizada da pessoa (soberba), não necessariamente uma característica exteriorizada e facilmente perceptível pelos outros, como a jactância. Enquanto a jactância tem mais a ver com a autopropaganda hipócrita por meio de palavras, gestos e condutas exteriores, a soberba se refere mais ao excesso de autoestima e aos sentimentos interiores de grandeza.
De acordo com Jesus, a soberba é um mal que procede do interior do coração dos homens e os contamina, a exemplo dos pecados de maus pensamentos, cobiças, maldades e muitos outros (Mc 7.21-23). Por meio da parábola do fariseu e do publicano vemos quanto o fariseu foi soberbo, uma vez que “o fariseu, em pé, orava no íntimo: ‘Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens: ladrões, corruptos, adúlteros; nem mesmo como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho’” (Lc 18.11-12 – NVI). O fariseu tinha um conceito muito elevado de si mesmo, achava-se superior ao publicano e desprezava-o. Jesus concluiu essa parábola ensinando uma grande verdade que não podemos esquecer: “…qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado” (Lc 18.14b).
Em seu cântico denominado “Magnificat”, Maria disse que o Poderoso “…dispersou os que, no coração, alimentavam pensamentos soberbos. Derribou do seu trono os poderosos e exaltou os humildes” (Lc 1.51-52 – ARA). Os apóstolos Tiago e Pedro citam o versículo de Pv 3.34 a partir da versão grega Septuaginta, para reforçar e transmitir a verdade de que Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Enquanto Tiago faz essa citação (Tg 4.6) para se referir ao nosso relacionamento com Deus, Pedro aplica essa verdade ao relacionamento dos jovens com os mais velhos e de uns para com os outros dizendo: “semelhantemente vós, jovens, sede sujeitos aos anciãos; e sede todos sujeitos uns aos outros e revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (1 Pe 5.5). O meio irmão de Jesus também recomendou: “humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará” (Tg 4.10).
Em uma de suas orações, o rei Davi pediu a Deus para que ele não caísse no pecado da soberba. Ele se expressou diante do Senhor dizendo: “também da soberba guarda o teu servo, que ela não me domine; então, serei irrepreensível e ficarei livre de grande transgressão” (Sl 19.13 – ARA). Como cristãos, devemos ter muito cuidado para não cairmos na fraqueza de cometermos o pecado da soberba, pois muitas vezes somos tentados a isso. O salmista Asafe chegou a ter inveja dos soberbos ao ver a prosperidade dos ímpios (Sl 73.3), mas depois ele entendeu que isso não é coisa de servo de Deus e afirmou que a soberba cinge e envolve os ímpios como um colar (Sl 73.6).
Em suas cartas pastorais dirigidas a Timóteo, apóstolo Paulo também falou sobre o problema da soberba em relação a quatro situações: pastor neófito (1 Tm 3.6), falsos mestres (1 Tm 6.4), ímpios dos últimos dias (2 Tm 3.4) e ricos (1 Tm 6.17). O verbo grego “tuphoo”, empregado nessas três primeiras citações, significa literalmente o ato da pessoa fazer, soltar ou levantar uma fumaça e se envolver nela. Porém, essa palavra não é utilizada na Bíblia quanto ao seu significado literal, mas em relação ao seu significado figurado. Metaforicamente, “tuphoo” se refere à pessoa soberba auto-inflada que se enche de fumaça, nuvem ou neblina. Essa pessoa enfatuada se infla de vaidade e se enche do nada, como se fosse uma “bolha de vácuo” cheia de nada. Ela está obscurecida pelo orgulho. Quanto a 1 Tm 6.17, Paulo empregou a palavra grega “hupselophroneo”, a qual significa “orgulhoso”, “altivo” ou “arrogante”.
A soberba é a origem de todos os pecados, pois foi neste pecado que Lúcifer caiu (Is 14.13-14; Ez 28.15-17). Quando alguma pessoa aqui na terra procede soberbamente, Deus a contempla lá do céu e se lembra logo de Satanás. Portanto, fujamos da soberba e sejamos humildes. Em seus provérbios, o sábio Salomão afirmou que “o galardão da humildade e o temor do Senhor são riquezas, e honra, e vida” (Pv 22.4), e que “a soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda” (Pv 16.18).
Ev. Fábio Henrique (Bacharel em Teologia, 1º Secretário da IEADEM e professor da EBD e do CETADEM)
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