“E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm. 8.28 – ARF).
Esse é um dos versículos mais usados no contexto evangélico, principalmente quando se pretende justificar uma situação adversa. Na verdade, em tempos difíceis, carecemos de algum suporte, e as Escrituras, certamente, é fonte de esperança (Rm. 15.4). Mas isso não quer dizer que podemos utilizar os textos bíblicos indevidamente. No caso de Rm. 8.28, devemos atentar para o significado da expressão “todas as coisas contribuem juntamente para o bem”. Será que o Apóstolo estava querendo dizer que as enfermidades que sobrevêm sobre os crentes cooperam para o bem?
Para interpretar adequadamente esse versículo, faz-se necessário atentar para o contexto da passagem. A princípio, devemos considerar que Paulo está se referindo àqueles que creram em Jesus, e foram alcançados por Sua salvação, e passaram a ser habitados pelo Espírito Santo. Assim sendo, o Apóstolo põe em evidência as glórias que estão reservadas no futuro àqueles que creram no evangelho, de modo que os sofrimentos do tempo presente não se comparam às glórias que serão reveladas no plano escatológico (Rm. 8.18). Enquanto esse dia não chega, devemos continuar orando, dependendo da intercessão do Espírito Santo, em meio as nossas limitações.
Estamos cientes que não compreendemos os propósitos divinos, mas podemos ter a convicção de que “tudo as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus”. É preciso atentar para uma pergunta importante: “para quem”? Para o bem de “todos”? A resposta é “Não”. Essa é uma promessa específica para “aqueles que amam a Deus”. Isso quer dizer que nem todos podem se valer dessa promessa, somente aqueles que foram salvos, que foram chamados por Deus. Aqueles que não acreditam, ou melhor, não amam a Deus não podem assumir que tudo na vida tem um proposito divino. Então, não se pode aplicar esse versículo indistintamente a qualquer pessoa.
No texto Paulo diz que todas as coisas contribuem, ou como em outra versão, cooperam para o “bem”. Mas o que será “bem” para o Apóstolo? No contexto da Teologia da Prosperidade, a definição está atrelada a saúde, segurança financeira, felicidade pessoal, mas isso nada tem a ver com o que está escrito na Bíblia. A esse respeito é preciso deixar bem claro: Deus não tem como meta principal favorecer os crentes, dando-lhes tudo aquilo que eles gostariam de ter. A passagem em foco não pode ser usada como um amuleto para assegurar que Deus vai providenciar bênçãos materiais para os crentes. Os cristãos estão sujeitos às mesmas intempéries pelas quais passam as pessoas que não são cristãs.
Então o que é “bem” na linguagem de Paulo? A explicação vem logo em seguida, no versículo 29: “para serem conformes à imagem de seu Filho”. O objetivo principal de Deus é fazer-nos semelhantes a Cristo. Contrariando os interesses de alguns cristãos modernos, a vontade de Deus é trabalhar em nosso caráter, para que pareçamos cada vez mais com Jesus. A definição de “bem”, portanto, deve partir de Deus, não das nossas influências culturais. Conforme a versão contemporânea A Mensagem: “para moldar a vida daqueles que o amam pelos mesmos padrões da vida do Filho”. Não importa o quanto já crescemos na fé, o alvo de Deus é que, a cada dia, sejamos simplesmente como Jesus.
Para isso Ele trabalha nas circunstâncias, e nos auxilia através do Espírito Santo, até o dia da glorificação (Rm. 8.30).
Todas as coisas que acontecem no mundo não são para satisfazer nossas vontades, mas para que Deus seja glorificado em nossas vidas. As tragédias contribuem para a construção do nosso caráter, o exemplo mais dramático dessa realidade está na cruz de Cristo. Coisas ruins acontecem às pessoas que acreditam em Deus, essa é uma má notícia. Mas a boa notícia é: “Deus as transforma em coisas boas”. O propósito de Deus, ainda que Satanás não soubesse, foi levar Jesus para a cruz. Através desse desígnio, todos aquele que acredita nEle não perece, antes tem vida eterna (Jo. 3.16).
A crucificação de Jesus foi transformada em redenção para todos aqueles que creem. Por isso sabemos que Deus está trabalhando na surdina, e mais, podemos descansar na certeza que “aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo” (Fp. 1.6).
Ev. José Roberto A. Barbosa (2º Secretário da Assembleia de Deus em Mossoró-RN e professor da EBD)
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