VENCENDO EM TEMPOS DE CRISE

“Se te mostrares fraco no dia da angústia, a tua força será pequena” (Pv 24.10)

Desde que Brasil é Brasil, as crises acompanham sua trajetória de evolução e crescimento. O mais curioso é que, desde então, a história comprova que é na crise que surgem as grandes ideias e as situações que mudam para sempre o momento. Um pouco da história para mostrar que a primeira grande crise nacional ocorreu, em 1822, quando D. Pedro I proclamou a independência, ou seja o Brasil já nasceu marcado pelo desafio da superação. Nessa época o Brasil vivia uma profunda crise econômica. O espaço não nos permite mencionar tantas outras crises que marcaram a história do nosso País e que de alguma forma foram superadas e ficaram apenas nos anais da história. O que queremos aqui mesmo é chamar sua atenção, até mesmo porque não é dessas crises que desejamos falar; e sim, tratar de crises que acontecem, e que no âmbito da igreja, de uma forma ou de outra afetam seus membros e congregados. É bem verdade que todos nós preferimos livrar-nos dos problemas, adversidades e fracassos, ou melhor não tê-los nunca. Todavia a maneira como reagimos diante das circunstâncias adversas vai determinar nosso futuro como bem enfatiza Salomão: “Se te mostrares fraco no dia da angústia, a tua força será pequena”. Pv.24.10.

A quarta estrofe do hino 126, do hinário oficial da Assembleia de Deus -A Harpa Cristã, por sinal de autoria da missionária Frida Vingren, nos diz: “Os mais belos hinos e poesias, foram escritos em tribulação. E do céu as lindas melodias, se ouviram na escuridão”. Isto tem fundamentação bíblica, pois quando analisamos o comportamento dos apóstolos na liderança da igreja primitiva, ao enfrentarem cada situação adversa, porque não estavam isentos disso, mostra-nos como os crentes e obreiros de hoje podemos enfrenta-las, sob o ponto de vista divino: cada crise uma oportunidade. A primeira crise enfrentada no início da igreja foi causada pelo problema do crescimento rápido. Que abençoado problema! Isto provocou uma severa crítica por parte dos crentes gregos, dirigida contra os apóstolos em relação as viúvas, conforme relato de Atos 6. Porém ao considerarem a questão, concluíram que a crítica tinha procedência legítima. Isto proporcionou a instituição dos diáconos que, até hoje, são uma bênção na igreja, desde que cumpram o papel original previsto quando a diaconia foi instituída. Que proveito ou benefícios tirou-se daquela crise? Vejamos: Em primeiro lugar a igreja passa a se organizar formalmente, as viúvas passam a ser cuidadas e os apóstolos não precisam sufocar o ministério da palavra e da oração para “servir as mesas”, se bem que esta atividade em nada diminuiria a reputação deles, como também não diminui a reputação de nenhum obreiro nos dias de hoje, até porque afinal de contas somos servos. Outro exemplo que gostaria de mencionar de crise e perseguição e que redundou em bênção para a igreja, foi a morte de Estevão, quando deu-se início em Jerusalém grande perseguição contra a Igreja. A ordem de Jesus sobre a evangelização do mundo proferida em Atos 1.8 caiu no esquecimento. Além de Jerusalém, enfatizava o Senhor que toda Judéia e Samaria e até aos confins da terra deveriam ser incluídos no processo evangelístico. Parece que eles entenderam que eram responsáveis somente por Jerusalém, a cidade onde moravam. Então sobreveio-lhes a perseguição. Aí foi quando os discípulos descobriram, através da perseguição, uma nova maneira de pregar o evangelho: em todos os lugares onde iam dispersos constatavam que ali havia carência das boas novas de Cristo, então, como estavam cheios do Espírito Santo pregavam a palavra com ousadia.

Imediatamente foram fundadas várias igrejas nas cidades de Samaria, Fenícia, Chipre e até na grande Antioquia. A crise provocada pela perseguição resultou na missão muito bem sucedida entre os gentios. O progresso na evangelização foi notório. E o que dizer daqueles que, através da perseguição dos dispersos, conheceram Jesus Cristo, o Senhor? Com a fundação da igreja de Antioquia, houve a necessidade de um pastor para dar continuidade no processo de discipulado. Surgiu a oportunidade para Barnabé, um homem altamente capacitado que até então não havia sido sequer contado entre os sete diáconos. A bíblia o classifica como “homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé” At. 11.24. Mas não ficou só nisto: Barnabé foi até à cidade de Tarso em busca de Saulo, outra pessoa que também precisava de uma oportunidade. A igreja de Antioquia tornou-se, mais tarde, uma verdadeira base de envio de missionários, At. 13.1-3.

Poderíamos citar tantos outros exemplos que estão exarados nas páginas das sagradas escrituras, todavia ficamos por aqui na certeza que em meio as crises, perseguições e turbulências desta vida, não podemos desanimar; é aí que elevamos os nossos olhos para o céu de onde nos vem o socorro. Finalizando, desejamos que Deus em Cristo vos abençoe, grande e poderosamente.

Pr. Francisco Vicente (1º Vice-Presidente da AD em Mossoró e diretor do Departamento de Missões)

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