IRRECONCILIÁVEIS

Além de serem amantes de si mesmos e soberbos, os homens dos tempos difíceis nos quais estamos vivendo também são irreconciliáveis (2 Tm 3.3 – ARC). Neste versículo, a palavra “irreconciliáveis” é a tradução do adjetivo grego “aspondoi”, o qual ocorre na Bíblia em 2 Tm 3.3, mas também como uma variante textual em Rm 1.31 apenas nas versões da Bíblia traduzidas a partir do Textus Receptus, como a ARC.
O vocábulo “aspondoi” é o plural de “aspondos”, que significa irreconciliável. Se refere ao estado de recusa da reconciliação, à pessoa que não quer saber de negociação ou pacto, uma pessoa implacável que não está predisposta ou persuadida a entrar em uma aliança ou acordo. A pessoa irreconciliável é insensível e, de maneira hostil, se recusa a concordar com qualquer termo ou proposta de paz. Ela não consegue estabelecer a paz. Ela é inconciliável e inexorável quanto a reconhecer um vínculo, uma amizade, um acordo e uma obrigação. Essa disposição hostil inflexível e sem trégua em relação a paz e a harmonia entre as pessoas é um dos resultados da transgressão do segundo grande mandamento, que é o de amar o próximo como a si mesmo (Mc 12.31).
Há pessoas que aborrecem outras sem nenhum motivo, que injustamente se colocam como inimigas das outras e procuram destruir supostos adversários (Sl 35.19b; 38.19b. 69.4). Pessoas assim são odiosas e vivem em malícia e inveja, odiando umas às outras (Tt 3.3). Infelizmente, vivemos rodeados de pessoas que detestam a paz (Sl 120.6). Muitas delas também odeiam a Deus, a Jesus e à Igreja e, com sua cristofobia, hostilizam constantemente os cristãos (Jo 15.18-20).
Logo no primeiro livro da Bíblia, vemos que os filhos de Jacó desenvolveram uma atitude hostil e irreconciliável contra o seu irmão José, visto que “…odiaram-no e não conseguiam falar com ele amigavelmente” (Gn 37.4 – NVI). Na época de Jesus, havia um clima de hostilidade e de falta de reconciliação entre judeus e gentios, especialmente entre judeus e samaritanos (Lc 9.52-56; Jo 4.9). Era como se estivesse uma parede de separação dividindo esses dois povos (Ef 2.11-19). Ao judeu, era proibido se ajuntar ou até mesmo se aproximar de algum gentio (At 10.28).
Os sentimentos de aversão, repulsa, antipatia e repugnância entre as pessoas, também geram discriminação de pessoas quanto à cor da pele, sexo, nacionalidade, etnia, cultura, grupo social, religião e outras condições. Pessoas intolerantes não suportam outras só porque pensam e vivem diferente delas.
Em Atos dos Apóstolos, vemos que Paulo e Barnabé não conseguiram chegar a um acordo quanto à questão de levar, ou não, João Marcos para a segunda viagem missionária deles. Barnabé queria leva-lo, mas Paulo não aceitava (At 15.37-38). Paulo e Barnabé “tiveram um desentendimento tão sério que se separaram” (At 15.39a – NVI). Na igreja que estava em Filipos, as obreiras Evódia e Síntique estavam com dificuldade de chegarem a um denominador comum a respeito de alguma coisa, de modo que apóstolo Paulo pediu que elas chegassem a um entendimento (Fp 4.2-3).
A pessoa irreconciliável e implacável também é uma pessoa que tem dificuldade de perdoar. Um exemplo disso é o credor incompassivo da parábola contada por Jesus que não perdoou uma pequena dívida do seu conservo, mesmo após ter sido beneficiado pelo perdão de uma dívida impagável (Mt 18.23-35). No livro de Levítico, dois mandamentos bíblicos são muito claros: “não aborrecerás a teu irmão no teu coração…” (Lv 19.17), mas “…amarás o teu próximo como a ti mesmo…” (Lv 19.18). No Sermão do Monte Jesus disse que os pacificadores são bem-aventurados (Mt 5.9), e nos recomendou a não se vingar do homem perverso (Mt 5.39), e a amar nossos inimigos e orar pelos que nos perseguem (Mt 5.44). Leia Romanos 12.17-21.
Peremptoriamente, a Bíblia condena e recomenda o abandono da atitude hostil e irreconciliável entre as pessoas, enquanto aconselha a seguirmos a paz e sermos cordatos. Tanto o salmista como Pedro nos recomendam que devemos nos afastar do mal e fazer o bem, além de nos esforçarmos para conseguir e manter a paz (Sl 34.14; 1 Pe 3.11).
Portanto, meu querido leitor e minha amada leitora, não sejamos irreconciliáveis ou implacáveis com ninguém nos nossos relacionamentos, mesmo que tenhamos razão em alguma questão. Procure a reconciliação (Mt 5.23-25). Não espere que a pessoa que te magoou procure você para pedir perdão. Seja forte e tome a iniciativa de procura-la para uma reconciliação.

Ev. Fábio Henrique (Bacharel em Teologia, 1º Secretário da IEADEM e professor da EBD e do CETADEM)

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