“… tire as sandálias dos pés, porque a terra que você esta pisando é sagrada”. Josué 5.15.
Tirar as sandálias dos pés requer apenas um gesto, uma decisão e Josué não tem nenhuma dúvida de fazê-lo, porque está decidido e convicto de sua escolha. Curvar-se e tirar as sandálias é gestos de humildade e obediências ao seu chamado.
Fazendo uma reflexão desse texto, penso que, se não tirarmos as sandálias dos pés, e descalçarmos de nosso egoísmo, não estaremos preparados para entrar em um casamento.
Josué para se tornar um líder, passou por várias fases importantes. É linda sua história de coragem, determinação, humildade e ação. Deus o escolheu para substituir Moisés à frente do seu povo. Mesmo assim ele teve que passar por todas as fases de aprendizados, como anos de trabalho junto à tenda, observando a maneira de Moisés liderar o povo. Chamo isso de namoro; depois, seu encontro sobrenatural onde ele firma seu compromisso primeiro com Deus, depois entendendo que sua decisão tinha a ver com o sagrado; chamo isso de noivado, depois se desfez do que ainda lhe impedia de estar preparado.
São etapas que não devemos atropelar, elas nos permitem: amadurecimento, experiências e reflexões.
Com essa atitude ele estava demonstrando que entendia como se deve lidar com as coisas sagradas de Deus.
Casamento não é qualquer coisa, mas sim uma ideia de Deus, é um chamado para continuação do seu projeto para a humanidade, por isso é sagrado. Diz o texto de Gn 1.28 “Deus os criou macho e fêmea, os abençoou e lhes ordenou: Sede fértil e multiplicai-vos…”.
Lembro-me com carinho o dia do nosso noivado. Depois de mais de quatro anos de namoro, estávamos frente a meus pais, onde seria oficializado nosso pedido de casamento. Meu pai, que era um apaixonado por pedras preciosas, conversava animadamente com Elumar sobre a maneira de como elas eram extraídas do solo. Não tinha nada a ver essa conversa com o pedido de casamento, mas serviu para relaxar um pouco o nervosismo desse momento.
Foi um dia ímpar em nossas vidas, logo depois já estávamos usando as alianças que sinalizavam a brevidade de nosso casamento. Acho esquisito um pedido de casamento sem uma data que inicie a contagem regressiva para a oficialização do mesmo.
Éramos jovens estudantes, cheios de sonhos, projetos, mas com os pés no chão, sabendo que nosso começo seria uma grande aventura recheada de muito amor, mas pouco dinheiro.
Sentamos para fazermos nosso orçamento e ele nos disse que podíamos casar, mas que não desviássemos o foco das prioridades agendadas.
E olhando para trás, depois de 38 anos de casados, confesso a vocês que nosso começo foi realmente uma aventura espetacular, onde nunca nos faltou o essencial para vivermos em paz, Deus nos honrou diante dessa determinação.
Entendo o noivado como um tempo para revisão e planejamento. Tempo de qualidade para avaliarmos também nossos sentimentos e classificarmos entre amor e paixão.
Gosto tanto do que nos fala I Co 13 sobre o que é amor. O texto nos diz: O amor é bondoso, prestativo, não perde a paciência por qualquer coisa, não é invejoso ou ciumento. Não se vangloria, não procura impressionar, não é orgulhoso, arrogante. Tem boas maneiras, não é rude, grosseiro, inconveniente, não maltrata. Não procura seus interesses próprios, não é egoísta.
O amor é um sentimento extraordinário. Diz mais ainda o texto: O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Ah! Como o amor é diferente de paixão.
A paixão é descontrolada, não busca a realidade, é egoísta, insensível, e quando não é correspondida, transforma-se em ódio.
É bom atentarmos para alguns requisitos que consideramos importantes nessa fase do noivado. Como a independência emocional, financeira e geográfica. Gn 2.24 nos diz: “… o homem deixará seu pai e sua mãe e unir-se-á a sua mulher”. Por isso que o casamento não é um compromisso assumido por crianças. Diz-nos ainda o texto de Pv 24,27 “Forma primeiro a sua lavoura e levanta a tua casa, então, estarás à vontade para construir sua família”.
Isso sinaliza que você precisa se preparar financeiramente para essa responsabilidade. Dizer que depois de casados moraria até debaixo da ponte, não condiz com quem tem responsabilidade de formar uma família.
Quanto ao emocional, se refere à união de temperamentos, equilíbrio emocional, capacidade de gerenciar conflitos. I Co 1.10 nos diz: “Estejam de acordo no que falais, e não haja divergências entre vós”. Temos quatro tipos de temperamentos, que são parte permanente da nossa personalidade.
O temperamento explica nosso comportamento, mas não deve servir de desculpa para ele. G. 4.7 diz: “Se procederes bem, não é certo que serás aceito?…”. São eles os temperamentos: sanguíneo (comunicativos, alegres…), fleumático (pacífico, dócil…), colérico (explosivo dominador…) e melancólico (tímido, sensível, solitário…).
Se o compromisso de noivado precisa ser revisto, que o faça o quanto antes do casamento. Assuma o compromisso diante de Deus para buscar as mudanças necessárias. Se precisar de aconselhamento, procure alguém que mereça confiança e tenha maturidade.
Maria do Socorro G. Pereira (Esposa do Pr. Elumar Pereira – Diretor do Departamento da Família da AD Mossoró)