Dando continuidade ao nosso estudo das características negativas das pessoas que vivem nos tempos difíceis e trabalhosos desses últimos dias nos quais estamos vivendo, agora vamos estudar a respeito das pessoas que agem precipitadamente. Segundo Paulo, “…nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão […] atrevidos…” (2 Tm 3.1-4 – ARA). A palavra grega traduzida por “atrevidos”, no versículo quatro, é “propetes”, que significa “aquele que cai adiante, ou de ponta cabeça”, aquele que é “precipitado”, “apressado” ou “despreocupado”. Essa palavra grega só é utilizada na Bíblia em mais outro versículo, em At 19.36, quando o escrivão de Éfeso tentava acalmar o povo e evitar que eles usassem de violência contra Paulo e seus companheiros: “…convém que vos mantenhais calmos e nada façais precipitadamente” (At 19.36 – ARA).
Uma pessoa precipitada é uma pessoa temerária e imprudente, que age irrefletidamente obedecendo ao impulso do momento. Ela não pensa bem antes de agir apressadamente, e se atreve a correr riscos demasiados e desnecessários. Os inconsequentes são açodados e não avaliam antecipadamente os efeitos dos seus atos. As pessoas precipitadas muitas vezes pecam pelo excesso de pragmatismo, por quererem agir rápido para resolver determinada situação. Essa impulsividade pode levar as pessoas a falarem, tomarem decisões ou fazerem coisas que posteriormente as levarão a lamentarem por terem agido inconsequentemente.
Durante a peregrinação dos israelitas no deserto, Deus disse a eles que não subissem ao topo das montanhas onde habitavam os Amorreus, para pelejarem contra eles, sob pena dos filhos de Israel serem derrotados nessa guerra. Infelizmente, o povo foi precipitado e agiu temerariamente, desobedecendo o mandamento do Senhor, de modo que foram derrotados pelos Amorreus (Nm 14.39-45; Dt 1.41-46). Nabal também foi atrevido e precipitado em suas palavras (1 Sm 25.10-11), e com isso provocou o desejo de vingança em Davi (1 Sm 25.12-13). Davi e seu exército ia matar Nabal e todas as pessoas do sexo masculino que habitavam com ele (1 Sm 25.22,33). Felizmente entrou em ação uma mulher sensata e prudente, de nome Abigail, para evitar que Davi cometesse uma carnificina (1 Sm 25.3,33).
Uma pessoa pode ser precipitada em várias coisas, como por exemplo, no falar. A Bíblia afirma que há mais esperança para o tolo e insensato, do que para a pessoa que é precipitada no falar (Pv 29.20). Enquanto a língua dos sábios traz cura e saúde, as palavras precipitadas dos tagarelas ferem como a ponta da espada (Pv 12.18). Uma vez que todos somos sujeitos a falhar nessa área, é melhor sermos cuidadosos com a nossa língua (Tg 3.1-12), visto que a palavra pronunciada não volta atrás.
Em Provérbios, a Bíblia afirma que “na multidão de palavras não falta transgressão, mas o que modera os seus lábios é prudente” (Pv 10.19). As Escrituras também declaram que “a sabedoria está nos lábios dos que têm discernimento, mas a vara é para as costas daquele que não tem juízo” (Pv 10.13 – NVI). O sábio rei de Israel ainda prossegue afirmando que “a conversa do insensato traz a vara para as suas costas, mas os lábios dos sábios os protegem” (Pv 14.3 – NVI). Enquanto a palavra branda dos prudentes desvia o furor, a palavra dura dos precipitados suscita ira (Pv 15.1). Assim, “o conselho oferecido na hora certa é agradável como maçãs de ouro numa bandeja de prata” (Pv 25.11 – NVT), e “…quem fala com equilíbrio promove a instrução” (Pv 16.21 – NVI).
A pessoa tagarela, aquela que fala demais, está sujeita a jurar ou fazer um voto precipitado (Lv 5.4 – NTLH). Foi o que aconteceu com Jefté, que precipitadamente votou a Deus para oferecer uma pessoa em holocausto ao Senhor (Jz 11.30-31). Assim, percebe-se que “é uma armadilha consagrar algo precipitadamente, e só pensar nas consequências depois que se fez o voto” (Pv 20.25 – NVI). Sabendo que quem fala demais está sujeito a fazer voto precipitado (Ec 5.2) e pronunciar muitas palavras tolas (Ec 5.3), é melhor não votar a Deus, do que votar e não cumprir (Ec 5.4-5).
Na área ministerial, Paulo orientou ao jovem pastor Timóteo para que este fosse cauteloso e prudente na escolha dos obreiros para atuarem no ministério eclesiástico: “a ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios; conserva-te a ti mesmo puro” (1 Tm 5.22).
Contrastando a vida e as ações das pessoas precipitadas e inconsequentes, com a vida e as ações das pessoas cautelosas e prudentes, chegamos à conclusão de que “o homem paciente dá prova de grande entendimento, mas o precipitado revela insensatez” (Pv 14.29 – NVI). Portanto, “não é bom proceder sem refletir, e peca quem é precipitado” (Pv 19.2 – ARA).
Ev. Fábio Henrique (Bacharel em Teologia, 1º Secretário da IEADEM e professor da EBD e do CETADEM)