SEM AMOR PELA FAMÍLIA

Além de serem amantes de si mesmos e desobedientes aos pais (2 Tm 3.2), as pessoas dos tempos difíceis nos quais estamos vivendo também não têm amor pela família (2 Tm 3.3 – NVI). Elas são desafeiçoadas e desprovidas de afeto natural. O adjetivo grego que Paulo usa para caracterizar essa falta de amor pela família é “astorgos”, um vocábulo derivado de “a” (elemento de negação), e de “stergõ” ou “storge”, que significa amor familiar, especialmente o amor mútuo entre pais e filhos.
A palavra grega “astorgos” só ocorre na Bíblia em 2 Tm 3.3 e em Rm 1.31, e denota a pessoa sem afeição natural, desafeiçoada, “desumana” e “sem coração”, que não demonstra o típico e esperado afeto humano natural pelos seus parentes e familiares. Essas pessoas são indiferentes aos pais. Elas não demonstram apego aos seus progenitores. Da mesma forma, elas também são indiferentes e desafeiçoadas com os filhos. Não ligam, não protegem, não educam e nem cuidam adequadamente dos filhos. Por outro lado, vemos a demonstração do amor “stergõ” até mesmo entre os animais, quando, por exemplo, uma fêmea ou macho cuida, protege e convive em harmonia com a sua prole. A afeição natural entre pais e filhos e entre filhos e pais é fundamental para a preservação das espécies animais, como também da raça humana.
Ao contrário do que algumas pessoas pensam, a palavra “stergõ” ou “storge” não ocorre na Bíblia. No entanto, a Bíblia registra em apenas um versículo (Rm 12.10) a ocorrência de uma palavra grega derivada de “stergõ” e que se contrapõe à “astorgos”, que é o adjetivo “philostorgos”. O texto de Rm 12.10 afirma: “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal…”. Essa expressão “amai-vos cordialmente” é a tradução da palavra grega “philostorgos”, indicando que o imperativo de Deus no início deste versículo é para praticarmos o amor familiar, especialmente o amor mútuo entre pais e filhos e entre cônjuges.
Uma palavra quase sinônima de “philostorgos”, e que também ocorre só uma vez na Bíblia (Tt 2.4), é “philoteknos”. Este adjetivo grego caracteriza a pessoa que ama a sua descendência ou os seus filhos. Em Tt 2.4, Paulo usa a palavra “philoteknos” para se referir à necessidade e obrigação das jovens recém-casadas amarem seus filhos. Enquanto o amor “stergõ” ou “storge” é uma dádiva do Criador para nós e uma bênção para as famílias, a falta dele (“astorgos”) é um desastre para as famílias. Ao demonstrarmos amor familiar, refletimos as digitais do Criador na nossa vida.
O amor stergõ é uma providência divina em nosso favor. Porém, o pecado entrou na raça humana e, como consequência, os homens têm experimentado a degradação das suas qualidades morais, espirituais e naturais (Rm 1.18-32). Isso tem levado o homem à adoção de práticas contrárias à natureza, dentre elas a perda da afeição natural pela família (Rm 1.31).
Após a entrada do pecado no mundo, a falta de amor familiar fez a primeira vítima de homicídio da história da humanidade, que foi a morte de Abel praticada pelo seu irmão Caim (Gn 4.8-10). Na história dos reis de Israel, vemos vários exemplos de falta de amor familiar. Na família de Davi, o seu filho primogênito Amnon foi tomado por um apetite sexual desordenado e cometeu os pecados de incesto e de estupro contra sua irmã Tamar (2 Sm 13.1-22). Isso causou o ódio do seu irmão Absalão (2 Sm 13.22), que depois o matou (2 Sm 13.28-29). Alguns anos depois, Absalão cobiça o trono do seu pai e conspira contra Davi (2 Sm 15.1-6,10-12), além de coabitar com as concubinas de Davi à vista de todo o Israel (2 Sm 16.21-22). Só um filho desnaturado e sem amor pela família tem coragem de fazer uma coisa dessa contra o próprio pai.
Hoje em dia vemos muitos exemplos de filhos que abandonam seus pais e não lhes dão nenhuma assistência econômica ou afetiva. Outros não querem ter trabalho com os pais e os abandona em casas de abrigo para pessoas idosas. Na terceira idade, um dos maiores sofrimentos dos pais é a solidão causada pela indiferença e a falta de amor familiar dos seus filhos e demais parentes. Na atualidade, uma das maiores demonstrações da perda do afeto natural dos pais pelos filhos é quando se pratica um aborto. Deus considera o ventre materno como um lugar tão seguro e protegido para o bebê indefeso, que Ele mesmo resolveu se fazer carne dentro do útero de uma mulher.
Numa família, quando há amor familiar mútuo entre os cônjuges e entre pais e filhos, se cumpre nessa família as bênçãos do Salmo 128. Dessa forma se expressou o salmista: “Eis que assim será abençoado o homem que teme ao SENHOR!” (Sl 128.4).

Ev. Fábio Henrique (Bacharel em Teologia, 1º Secretário da IEADEM e professor da EBD e do CETADEM)

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